domingo, 27 de janeiro de 2008


No Matadouro de Santa Cruz...
...a cinqüenta quilômetros do centro da velha cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro,
"a coisa", como era chamado Romeu, o pequeno homem disforme, que tinha a aparência de uma ave, encarregado de distribuir a carne para os compradores de domingo, guardava um terrível segredo :
As donas de casa, mães de família da pequena burguesia local, que se deslocavam para o pequeno açougue próximo ao matadouro,ainda cedinho, a fim de comprar o melhor pedaço de carne para preparar o almoço de seus homens - maridos e filhos que vinham do futebol com as roupas encharcadas de suor,e que tinham o hábito de lavar os pés no pequeno tanque do quintal antes de se sentarem à mesa.- jamais poderiam supor que a carne que alimentava os porcos que compunham os embutidos, iguaria mais apreciada nos almoços de domingo, era a dos mendigos e desocupados,sem parentesco ou ascendência local, que desapareciam misteriosamente à noite, garantindo assim a paz e a tranqüilidade daquele pequeno povoado.
Ainda me lembro dessa paz e tranqüilidade naquelas tardes de domingo, tantas alegrias...Eu era ainda criança e o mundo nunca me pareceu,depois, tão luminoso.As cores e a felicidade daquela vida ainda estão vivas na minha ....

Um comentário:

Anônimo disse...

Genial, seus traços já transmitem imagens difíceis de se explicar, já as texturas e cores me levam vezes a filmes noir, vezes a extremas lembranças surrealistas, aquelas que geralmente temos quando somos crianças e "livres", hoje não... só com sua arte.
Manoel Macedo